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O crime chegou antes

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Passei um tempo pensando sobre a redução da maioridade penal. Infelizmente, poucos fazem o mesmo. Não refletem, apenas decidem: "17? 16? Não interessa, matou, paga!". Mas esquecem da morte a que esses menores (um dia maiores, quem sabe?) são submetidos todos os dias. Não são eles que escolhem entrar para o crime. O crime os escolhe. Porque foi o crime que chegou antes da escola de qualidade, dos serviços básicos, do esporte e lazer, da cidadania, enfim. Não defendo ninguém, que fique claro. Mas se você - que neste momento está navegando na internet com a sua coca-cola na mão e a TV a cabo ligada - só enxergasse o crime como um dos poucos meios de ter o "prestígio" que a sociedade não te dá e nunca te deu, aposto, teria se deixado escolher pelo mesmo caminho. Claro, não são todos. Salvo alguns exemplos. Eu mesma tenho dentro de casa um deles. Palavras de meu pai, que aos oito começou a trabalhar nas ruas: "Aos oito, dez anos, eu já tinha noção do que eu fazi

Verdades e mentiras oficiais

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Só queria voltar a um fato que aconteceu nesta semana. Vi e revi o vídeo dos jovens atacados por PMs na Palmeirinha, em Honório Gurgel. O vídeo que eles faziam durante uma brincadeira e acabou registrando o momento em que são atacados por PMs. Na minha cabeça e - penso - na cabeça de muita gente, já virou rotina ver tiros sendo disparados a esmo pela corporação. Mas uma coisa me incomodou porque diz respeito à profissão de repórter, de jornalista. A nota oficial da PM, divulgada no caso Palmeirinha, dizia que os meninos foram feridos em confronto. Ou seja, eles atacaram para serem atacados. A corporação não contava, no entanto, com o vídeo. Houve um registro do que, de fato, aconteceu. E, agora, o crime será investigado. Se vai ser investigado de maneira correta, é outra história - e assunto para outra reflexão. Outro ponto interessante é que o documento dizia ainda que duas armas foram apreendidas com os "criminosos". A minha pergunta é: quantas notas oficiais nós, repór

Igreja de si

Todas as vezes que penso em escrever, é porque a primeira frase que me veio à cabeça foi "De todas as coisas mais lindas...". Eu sei, um jeito estranho de querer começar o rabisco. Mas hoje, por exemplo, eu diria: "De todas as coisas mais lindas, a que me enche de ar é o fôlego da crença dos que, mesmo estando afogados em lama e podridão, vão até a janela gritar: 'Grito porque tenho fé. Fé em mim, fé no mundo!!!'". Ter fé em si é o que move - ou deveria mover o humano, demasiado humano. Muitas instituições cobram que fiéis se entreguem e creiam em algo que lhes é (ou seria) superior, tão superior, que não precisam de forma ou cor ou jeito para serem críveis. Nenhuma delas prega: "Tenha fé em si. Acredite no seu poder, nos seus milagres. Você não é divino, mas é real e tem a capacidade de mudar o que quiser, inclusive a sua realidade". É duro saber que a falta de costume em ter fé em si mesmo leva ao fundo do poço. Nada irreversível. Pior é const

Eu acho que não aguento

Eu só acho que não aguento.

Você não pode protestar - Parte II

Este post é uma reflexão sobre a publicação da amiga Patrícia Matos em seu perfil no Facebook. Patrícia deu um estupendo relato sobre "Morar longe do Centro X depender do transporte público do RJ". Como o texto ficou mais longo do que esperava, teria que recortá-lo em comentários para publicá-lo na página dela, o que não seria confortável para a leitura. Bem, aqui segue: "O que você escreveu é de certa forma o meu retrato. Já ouvi muita coisa por "morar mal" e já me irritei (tentando não demonstrar) quando ouvi coisas só porque me recuso a andar de ônibus. Sim. Me recuso. Como todo mundo se recusaria, se tivesse esta opção. Eu tive. Escolhi (ser escrava d)o carro (e agradeço ao meu pai por isso, porque com meu salário ridículo de jornalista, demoraria uns 15 anos pra ter um). Infelizmente, a falta de estrutura e de segurança do meu bairro e dos bairros por onde passo me impede de ser completamente satisfeita nele. Eu adoro dirigir, mas já chorei de raiva ao v

Você não pode protestar

Hoje, no jornal de maior audiência do horário nobre da TV brasileira, foi publicada uma 'lista' com o perfil dos presos durante a manifestação contra o aumento das passagens em São Paulo. "Estudantes, professores, metalúrgico, publicitário, editor, artista, desempregada e jornalistas". Pensei: que relevância a profissão de um manifestante preso tem em um protesto como este? Aí lembrei que faz algum tempo que venho escutando e lendo: "As pessoas que estão nas ruas protestando não aparentam usar transporte público". A questão é: e daí se não são usuárias? Isto impede que eles fiquem muito 'pês' da vida vendo a tarifa de muitos serviços subir na mesma proporção que o salário e as gratificações de parlamentares das casas brasileiras? Porque o cidadão não anda de ônibus, pode ficar no ócio vendo uma penca de políticos e empresas de transportes que gerenciam o ir e vir público decidirem aumentar em vinte centavos (ou mais) o que se paga por um serviço

De certo, o meu tempo

"Nada de certitude concreta. Isso de certeza tem me irritado um bocado". E é verdade. Não é que eu não siga regras, horários e compromissos. Sigo. O negócio é quando seguí-los. E, principalmente, por que seguí-los. Quando trabalho, a profissão requer de mim pontualidade e logística. Planejamento e comprometimento. Então, vida, espere de mim que eu assim o seja de segunda a sexta-feira, salvo alguns sábados, domingos e feriados os quais são destinados aos plantões. Para reuniões, coletivas, exclusivas, palestras, simpósios: on time, full time. Mas, poxa, não espere que eu me comprometa a um compromisso comprometidíssimo para o chopp de sexta, para a festa de sábado, para o conversê de fim de tarde, para o affair do meio da noite... Não. Estas coisas não têm hora. São a toda hora. Para as tais, todas as horas do mundo. Cedo ou tarde, antes ou depois... Qualquer tempo vai ser o agora. Tem gente que não admite, não tolera. Eu tolero o ser livre por seu tempo. E outra: continuo se